Resumo
De acordo com a expressão do escritor francês Guy Debord, o ser humano hodierno vive na sociedade do espetáculo, um simulacro de falso eterno presente – artificial e visceral – onde a existência dissoluta se agiganta em face da original e esquecida essência humana legada sem intermediário pelo abscôndito Deus. Diante dessa triste constatação sociológica e filosófica ocidental – atestada por Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky e Gianni Vattimo, dentre tantos outros – continua o ser humano a viver entre as tensões e divisões já atestadas pelo Apóstolo dos Gentios nos primórdios do cristianismo. Nesse sentido, em grande medida o narcisismo idolátrico e consumista refreia e quase mata o próprio amor. A religião de Cristo mostra que é o Amor - o próprio Deus - e não o homem, a medida de todas as coisas, sendo Ele mesmo o distribuidor e recolhedor dos dons espirituais que deveriam infundir bênçãos não apenas à igreja, mas a toda a comunidade. A presente comunicação visa abordar essa difícil dialética encetada desde o título a partir da leitura histórica da contemporaneidade permeada por questionamentos bíblicos selecionados com o intuito de discutir possibilidades de vínculos entre o culto apresentado pelo ser humano e o aceitável por Deus.
Referências
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