Resumo
Objetivo: Investigar a associação entre o tabagismo e os sintomas urinários em mulheres, com foco em seu impacto na incontinência urinária (IU) e na qualidade de vida.
Métodos: Estudo observacional transversal com 54 mulheres, de 20 a 60 anos, recrutadas por redes sociais ao longo de três meses. Foram incluídas 37 mulheres tabagistas com sintomas urinários. Os dados sociodemográficos, ginecológicos, obstétricos e tabagistas foram coletados via formulário eletrônico. A IU foi avaliada por meio do questionário ICIQ-SF, considerando-se incontinentes as participantes com escore ≥1. A análise foi realizada com o software Jamovi, utilizando a correlação de Spearman (p<0,05).
Resultados: A média de idade foi de 35 anos e o IMC médio de 26,5 kg/m², indicando sobrepeso. A carga tabagista média foi de 5,40 anos/maço, com consumo diário de 10 cigarros por 10 anos. O tabagismo foi frequentemente associado a estresse e ansiedade. Quanto à IU, 16,2% relataram perdas frequentes e 32,4% perdas ocasionais. O escore médio no ICIQ-SF foi 3, indicando sintomas leves.
Discussão: A associação leve, porém significativa, entre o tabagismo e os sintomas urinários em mulheres. Embora a correlação tenha sido fraca, os achados reforçam o tabagismo como fator de risco para IU, associado a alterações hormonais e sobrecarga do assoalho pélvico. A associação com estresse e ansiedade sugere a necessidade de abordagem multidisciplinar nos programas de cessação do tabagismo.
Conclusão: O tabagismo demonstrou estar associado a sintomas urinários leves em mulheres, reforçando seus efeitos prejudiciais à saúde uroginecológica.
Referências
ALVES, Camila Amâncio et al. Prevalência de incontinência urinária, impacto na qualidade de vida e fatores associados em usuárias de Unidades de Atenção Primária à Saúde. Fisioterapia em Movimento, v. 35, spe, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/fm.2022.35604.0.
BATISTA, Roberta Leopoldino de Andrade et al. Revisão sistemática das influências do hipoestrogenismo e do treinamento sobre a incontinência urinária. Femina, v. 38, n. 3, p. 135-140, 2010.
BERNARDES, Nicole De Oliveira. Incontinência urinária feminina e fatores de risco.
Fisioterapia Brasil, v. 7, n. 4, p. 301, 20 mar. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.33233/fb.v7i4.1921.
BUMP, Richard C.; MCCLISH, Donna K. Cigarette smoking and urinary incontinence in women. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 167, n. 5, p. 1213-1218, nov. 1992. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0002-9378(11)91691-3.
CARDOSO, T. C. A. et al. Aspectos associados ao tabagismo e os efeitos sobre a saúde. Research, Society and Development, v. 10, n. 3, p. e11210312975, 8 mar. 2021.
CARVALHO, Maitê Peres de et al. O impacto da incontinência urinária e seus fatores associados em idosas. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 17, n. 4, p. 721-730, dez. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1809-9823.2014.13135.
FUGANTI, Paulo Emilio; GOWDY, John Michael; SANTIAGO, Nilton Cesar. Obesity and smoking: Are they modulators of cough intravesical peak pressure in stress urinary incontinence? International braz j urol, v. 37, n. 4, p. 528-533, ago. 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1677-55382011000400013.
GAO, J. et al. Unveiling the depths of pelvic organ prolapse: From risk factors to therapeutic methods (Review). Experimental and Therapeutic Medicine, v. 29, n. 1, 8 nov. 2024.
GEOFFRION, Roxana. Women’s knowledge of pelvic floor disorders. Expert Review of Obstetrics & Gynecology, v. 5, n. 4, p. 471-477, jul. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1586/eog.10.32.
GUARISI, Telma et al. Procura de Serviço Médico por Mulheres com Incontinência Urinária. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 23, n. 7, ago. 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0100-72032001000700005.
HANNESTAD, Yngvild S. et al. Are smoking and other lifestyle factors associated with female urinary incontinence? The Norwegian EPINCONT Study. BJOG: An International Journal of Obstetrics and Gynaecology, v. 110, n. 3, p. 247-254, mar. 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1046/j.1471-0528.2003.02327.x.
HIGA, Rosângela; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes; REIS, Maria José dos. Fatores de risco para incontinência urinária na mulher. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, n. 1, p. 187-192, mar. 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0080-62342008000100025.
HRISANFOW, Elisabet; HÄGGLUND, Doris. Impact of cough and urinary incontinence on quality of life in women and men with chronic obstructive pulmonary disease. Journal of Clinical Nursing, v. 22, n. 1-2, p. 97-105, 17 jul. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1365-2702.2012.04143.x.
KAWAHARA, Takashi et al. Impact of smoking habit on overactive bladder symptoms and incontinence in women. International Journal of Urology, v. 27, n. 12, p. 1078-1086, set. 2020.
LAMERTON, T. J.; TORQUATI, L.; BROWN, W. J. Overweight and obesity as major, modifiable risk factors for urinary incontinence in young to mid-aged women: a systematic review and meta-analysis. Obesity Reviews, v. 19, n. 12, p. 1735-1745, 19 set. 2018..
LOPES, Maria Helena Baena de Moraes; HIGA, Rosângela. Restrições causadas pela incontinência urinária à vida da mulher. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 40, n. 1, p. 34-41, mar. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0080-62342006000100005.
MAGALHÃES, D.; ROSILEIDE ALVES LIVRAMENTO. ASSOALHO PÉLVICO E SUA RELAÇÃO COM A INCONTINÊNCIA URINARIA: CAUSA E TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 5, p. 4023–4034, 27 nov. 2023.
MUKAKA, M. M. Statistics corner: A guide to appropriate use of correlation coefficient in medical research. Malawi Medical Journal, v. 24, n. 3, p. 69-71, set. 2012.
NUNES, E. Consumo de tabaco. Efeitos na saúde. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 22, n. 2, p. 225-244, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.32385/rpmgf.v22i2.10231.
PAINEL de Indicadores – PNS. Disponível em: https://www.pns.icict.fiocruz.br/painel-de-indicadores-mobile-desktop/.
PATEL, U. J. et al. Updated Prevalence of Urinary Incontinence in Women: 2015–2018 National Population-Based Survey Data. Female Pelvic Medicine & Reconstructive Surgery, v. 28, n. 4, p. 181–187, 12 jan. 2022.
ROCHA, Juliana et al. Avaliação da Incontinência Urinária na Gravidez e no Pós-Parto: Estudo Observacional. Acta Médica Portuguesa, v. 30, n. 7-8, p. 568, 31 ago. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.20344/amp.7371.
SABOIA, Dayana Maia et al. Impacto dos tipos de incontinência urinária na qualidade de vida de mulheres. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 51, 21 dez. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1980-220x2016032603266.
SUBAK, Leslee L.; RICHTER, Holly E.; HUNSKAAR, Steinar. Obesity and Urinary Incontinence: Epidemiology and Clinical Research Update. Journal of Urology, v. 182, n. 6S, dez. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.juro.2009.08.071.
VALENÇA, Alexandre M. et al. Transtorno de pânico e tabagismo. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 23, n. 4, p. 229-232, dez. 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1516-44462001000400010.
VOLKMER, Cilene et al. Incontinência urinária feminina: revisão sistemática de estudos qualitativos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 10, p. 2703-2715, out. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1413-81232012001000019.